Hoje eu vinha dirigindo pela
Avenida ACM rumo à Paralela, ouvindo uma baladinha estilo “Jingle Bells”, era
uma noite fria na capital baiana, os sinos já anunciavam a essa altura a Rena
Galopante que vem do Norte, boa parte dos meninos sabem, e o sorriso dos
adultos já escapa aos lábios, pois há um sentimento de paz e esperança que
paira no imaginário coletivo nesta época do ano, como se os problemas do mundo por
duas semanas resolvessem hibernar... e lá vem o velhinho, senhores, eu posso
sentir. É a magia tomando conta do coração.
As árvores ganham um brilho todo
especial, a decoração nas sacadas dos prédios, as janelas dos quintais que já
se enchem de sapatinhos, acolhendo os pedidos, pessoas sorrindo e deixando os Shoppings
com embrulhos uns mais lindos do que outros, coisas que vi da janela do meu automóvel
logo que cheguei ali no final da avenida que homenageia o lendário político, em
frente ao Iguatemi... e lá vem o velhinho, meninos, eu já posso ver.
Surpresa!! E lá vinha mesmo o
velhinho na minha direção, carro parado no semáforo, dessa vez eu fui o
abençoado, pensei, pois percebi que lá vinha o velhinho ao meu encontro, passos
vagarosos, olhar terno, rugas, vejam só... cabelos brancos, e ao fundo uma
capela do “Bom Velhinho” que tocava no meu DVD, dando emoção ao instante, e
enfim, chegou o bom velhinho na janela do carro, dizendo:
- ô, meu filho, eu estou o dia
todo sem comer nada, morrendo de fome, por favor me ajude.
- Feliz Natal, Deus te abençoe e que
te dê tudo de bom em dobro.
E lá vai o velhinho sem as Renas,
maltrapilho, chinelos-pés-no-chão, andar cansado, mãos escuras, sorriso “amarelo-manga”,
com uma “ruma” de meninos saltitantes com rodos em punho, garrafas PET, água e
sabão à barraquinha de Cachorro-Quente, obedecendo a uma fila improvisada ali,
em frente à opulência, à fábrica da alegria e do consumo do outro lado da rua,
dizendo SIM, VOCÊS PODEM, convidando todos a fazer parte da magia do Natal.
FELIZ NATAL NA CAPITAL DE TODOS
OS SANTOS, ENCANTOS E AXÉ.
Noite feliz, noite feliz...
E não se esqueçam dos sapatinhos,
pois “seja rico, ou seja pobre, o velhinho sempre vem”.