segunda-feira, 13 de setembro de 2010

NAS POSSIBILIDADES DE UM TALVEZ

Estarei a esperar resignadamente o dia do retorno...
Talvez a poesia fique no plano do silêncio...
Talvez ela se expresse pelo encantamento inigualável dos olhos...
Talvez a flor apareça...
Talvez a chuva caia em frente a um perigoso portão de um outrora perigoso bairro...
Talvez aconteça o milagre do cheiro de mato interiorano em plena efervescência de metrópole...

Talvez a lua...
Talvez nem ela...
Talvez o filme... talvez não...

Talvez a gente se reapresente... como duas crianças tateando a descobrir as partes de ambas... os brinquedos... as dores... mais... muito mais as alegrias... ou ainda um deslumbrar de prazer pela vida teimar em abrir a porta das possibilidades...

Talvez nós dois... e mais nada!

Transpirado por: ADRIANO MARQUES

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Diário de um adolescente piegas: Com FÊ sem FÉ

Despido quase por inteiro da FÉ, peço licença à minha alma juvenil para falar da FÊ. O título é o que menos importa, mas poderia ser: Sem FÉ e sem a FÊ. No nordeste o som inicial da vogal é mais aberto e no Sudeste é mais fechado. Aqui na Bahia a chamamos de FÉ (rnanda), no sudeste FÊ (rnanda). Não importava o espaço temporal, tão pouco a entonação. O nome saia dos lábios com gosto de encanto. Ela era onipresente em meus devaneios. Eu a amava na medida desesperada das minhas pulsações juvenis. Ela passou um bom tempo sendo minha pérola. Deixei por vezes a minha tão sagrada zona de conforto para ser apenas o ombro que amparava suas lágrimas. Dividimos e compartilhamos muita coisa. Matamos aula juntos, colamos na prova de matemática, comemos muito doce na praça de alimentação do Iguati, rimos demais com o melhor do besteirol do cinema norte americano, fizemos o relógio parar a fim de não ultrapassarmos o horário de prestarmos contas a rádio patroa ou patrão de cada adolescente que possui uma educação vigilante. Beijamos-nos naquele “outrora perigoso bairro” em um dia em que a chuva só abrilhantou o instante. Ainda lembro-me das flores colhidas aos pingos de suor do muro do vizinho. Nossa... o simples esboçar do sorriso valeu cada um dos 1000 perrengues que passei para agradá-la. Só para me deliciar com aquele sorriso. Só para ver suas retinas demorarem em mim. Acho que estar ao lado dela foi a primeira manifestação de Deus na minha adolescência. Era intenso, mágico, fulgural. Vinha-me à memória até aquilo que não havíamos vivido. Tudo lembrava nós dois.
Quisera a velha irônica (A VIDA), colocar em seu caminho um velho amigo do amigo de um primo que jamais foi meu. Um tecnocrata que supostamente estagiou em uma empresa de segurança no Litoral Norte. Os caminhos desse cara têm Nortes diversos. O suficiente para nunca se saber o que se estar por vir. Astuto toda vid, perspicaz em seus planos, minucioso em seus projetos e engenhosamente maquiavélico quando se queria alcançar um objetivo. Um jovem sem FÉ e louco para ter a minha FÊ, mesmo custando-lhe a alma e por tabela demonizando a minha. Ah, e como demonizou!! Vou deixá-lo para lá. Esse texto é só uma despedida, um lamento piegas de um amor vencido pelos boatos. A historia é longa e as páginas do meu diário estão no fim. Muita coisa está em fim de ciclo. Serviu para eu entender que sem Fé não se alcança o impossível. Só um milagre. Só Ela, Deus e um novo diário fariam a história tomar outro rumo.

... (pausa para o Big Tasty com Soda)

Ela já não é a mesma flor que hoje flerta com meu amigo. Ouço tudo com intervalos de um sorriso jocoso. Não menos cruéis do que a denúncia nas telas do computador. E eu estremeço. Afeta-me profundamente. Seria esse o objetivo? Não sei! Ela... a FÊ não teve FÉ. Não suportou. E Eu sem FÉ comecei a perder a minha FÊ. Enquanto escrevo nesse dia 20-06-2010, o gatuno, o velhaco, com minha benção, consuma o que o destino lhe reservou.

E então tudo se fez claro
E então tudo se fez raro
Você massa bruta
Eu a doçura

Sem Fé não amei, não jurei, não rocei o perigo
Com a FÊ não corri o risco, não separei o joio do trigo
E eis o meu castigo:

Ficar sentado no escuro
Sendo expectador do seu mundo
Vendo tudo se perder.

Depois dos desgastes, abriu-se uma lacuna em algumas das suas fugas para dentro ou para algum outro lugar ao qual ainda me é estranho. Nos últimos tempos não consigo mais enxergá-la. Meu corpo passou a sofrer pela certeza da ausência - desmaterialização real e virtual. Um ir-se embora... um parto dilacerante... um roubar-se de mim. Apenas os vários anúncios de furtivas chegadas, noticiadas por outrem. Sempre por outrem! E Eis que... ficou opaco. Caiu na vala do esquecimento. A dor é como um guarda-chuva que de repente é primavera e a gente não mais sabe que ela existe.

Então queridos leitores... tudo pode acabar assim, como um copo caído cujo líquido se esvai e não mais se recupera. Como aquele sol que morre sem aplausos, as casas abandonadas, as ruas sem ninguém – um texto inacabado - FErrado!

Transpirado por Adriano Marques

terça-feira, 6 de abril de 2010

MULHER - uma pequena abordagem didática

A mulher está deixando de ter um papel secundário no mundo contemporâneo, em especial no ocidente. Na atualidade, políticas públicas estão sendo de fundamental importância para acompanhar o processo de libertação da mulher e acompanhar, sobretudo, o resgate do direito à voz, fazendo-as abandonar definitivamente a condição de silenciadas da qual foram por muito tempo vítimas incontestes. Até o século XIX, notava-se com mais propriedade o caráter patriarcal da configuração social-familiar, característica primordial de uma sociedade “machista” em que as regras baseavam-se num jogo de forças feitas para privilegiar a manutenção do Status Quo falocêntrico.

A mulher do Brasil do século passado, formada e constituída socialmente nesta ordem, era subserviente e ostensivamente dependente do pai ou do marido, sendo reificada pelo homem e silenciada por ele. Desde menina era ensinada a ser mãe e esposa, sua educação limitava-se a aprender a cozinhar, bordar, costurar, tarefas estritamente domésticas. Carregava o estigma da fragilidade, da pouca inteligência, entre outros que fundamentava a lógica patriarcal de mantê-la afastada dos espaços públicos. Essa condição de marginalidade passa a sofrer rupturas a partir do século XIX quando mulheres passaram a se organizar em cooperativas fabris e grupos de reivindicações ligadas às ideologias antiliberais e, sobretudo, de combate ao sistema capitalista, inspiradas em filósofos como Karl Marx. Tais ideias combativas partiam não apenas da condição de desigualdade da qual a mulher estava sujeita, mas também da premissa de que o trabalho é, por assim dizer, um mecanismo alienatório e o próprio capitalismo um regime de exploração do “homem pelo homem”. Todo este ambiente favoreceu de maneira embrionária a formação futura de organizações de mulheres às quais foram também responsáveis por manter sucessivas pressões sobre a classe política, no sentido de ver garantida a conquista de direitos fundamentais para o fortalecimento da cidadania da mulher.

A necessidade de se criar projetos de lei que propiciariam a ascensão social feminina advém de uma análise de seu comportamento frente ao homem na história recente do país. A trajetória da mulher brasileira é marcada pelo estabelecimento de uma ordem social masculina legitimada pela ideologia religiosa cristã, promovendo explicitamente a invisibilidade do feminino em todas as esferas sociais. ÊPA... e a VIRGEM? Calma, sei das narrativas em torno de Maria, mãe de Jesus Cristo. Mas, espera um pouco... Mãe de quem? Sem querer comparar em graus de importância, mas também nesse prisma, a inferioridade ironicamente se instala quando tentamos lembrar o nome daquela modelo top internacional... Aquela, companheiros, super famosa, moreninha, gostosinha e tal... – a esposa do Ronaldo Fenômeno. Como é o nome dela mesmo? Ah... não importa! É a esposa do CARA! E isso basta! Deixa pra lá! Até porque já há algum tempo ouvimos falar em sujeitas notáveis como HILLARY CLINTON, MICHELLE OBAMA e CONDOLISA RISE. Todas fortes e suficientemente inteligentes para se destacarem no cenário mundial sem os desmandos e as trapalhadas dos maridos ou dos seus padrinhos políticos. E vem aí a famigerada DILMA, direto dos porões e solitárias da ditadura militar para se colocar como a primeira governante mulher do país. Sai da barra da calça do Lula, criatura!

Voltemos a falar das nossas lindas tupiniquins mais comuns – refiro-me num termo indígena sem querer ser indelicado com as de pouca roupa. São índias? De jeito nenhum. Até porque as índias, fora a questão cultural, já estão devidamente vestidas faz muito tempo. As índias são intocáveis nesse contexto. Vou falar das que usam pouca roupa mesmo, porque o país é quente pra “dedéu”; E das que estão em propagandas de carros, margarinas e cervejarias - quase fazendo parte do pacote de acessórios e vantagens para fidelizar o cliente. (INDIGNAÇÃO: é a tal coisificação da mulher levada aos extremos da superexposição, em tempos de afirmação e reafirmação do verdadeiro valor da mulher no Brasil); E das que estão em bailes Funk numa performance espetacular da música SURRA DE BUNDA, sucesso entre os ONANISTAS DE PLANTÃO; e das exóticas do PAGODÃO BAIXARIA, dançando o negócio do “ME DÁ, ME DÁ A PATINHA , ME DÁ – SUA CACHORRINHA” coisa para VOUYER nenhum botar defeito; e das serelepes dançarinas nos shows de um estranhíssimo forró de guitarra, eletrizado e acompanhado por um balé circense de silicones e calcinhas perfumadas e arremeçadas a um público ávido por prazer visual. ÊH, meu forrozão de outrora, com triângulo, zabumba e acordeão cromático. Que saudades do nordeste com cheiro de mato e menos americanizado. Salve Luis Gonzaga – O Rei do Baião! Que Deus o tenha, meu querido! (SUGESTÃO: o presidente Lula poderia sancionar em forma de Medida Provisória uma lei que liberasse alguns canais fechados de sexo explícito – pensei em algo como o Sex Hot. Essa medida deixaria as pessoas mais calmas durante o bailar das bundas saltitantes dos atuais “shows” de forró) É o prazer do encontro com o vazio. Estamos consumindo o inconsumível. Mas tudo isso só existe porque dá prazer financeiro a alguém. O apagão cultural de um país sempre foi uma empresa pra lá de rentável. Se juntarmos tais ofícios às delícias da putaria legitimada pela cultura do riso, então o trabalho fica mais gostoso. E a imagem das mulheres - pra lá de Bagdá! Ou seria pra lá de... enfim! Sem problemas... Abaixo da linha do equador não tem pecado! Frase dos PORTUGAS quinhentistas... Ingleses e franceses oitocentistas... e dos pós-modernos Americanos do MAC DONALDS e do tráfico de menininhas de tenra idade! Entre uma orgia e uma chicotada eles sempre largam essas pérolas. Atenção: Vou esquecer os portugueses por hora para o texto não virar uma piada! Afinal é para ser entendido por todos! (Risos – piadinha infame! Luis que não me ouça! Não é o Camões não, é o Pitta mesmo)

Mesmo reconhecendo todo embaraço causado por mulheres desconectadas com o fortalecimento da identidade feminina é preciso parabenizar e enaltecer aquelas que lutaram e lutam para o fortalecimento da cidadania, da democracia e que são comprometidas com o progresso do país. É preciso reconhecer o avanço notório dos últimos 150 anos, nos quais o movimento feminista tem sido responsável por diversas conquistas na vida das mulheres. No entanto, embora muito tenha sido realizado, elas ainda vivem numa sociedade que lhes dá respostas ineficazes, onde a supremacia dos homens, maioria no comando da situação, ainda faz com que as políticas públicas não atendam aos verdadeiros anseios do público feminino.

A história de lutas e conquistas de tantas mulheres, muitas delas mártires de seu ideal, no decorrer de quase dois séculos, leva a humanidade a iniciar um novo milênio diante da constatação de que ela buscou e conquistou seu lugar apesar de tudo. Mais do que isso, assegurou seu direito à cidadania, legitimando seu papel enquanto agente transformador. Hoje elas têm direito ao grito e o fazem melhor do que qualquer um.

segunda-feira, 29 de março de 2010

ANGÚSTIA

A dor de te perder quando me procuravas é pior do
Que se ao inverso fosse... as límpidas embora não menos carregadas lágrimas são tão necessárias
Quanto aquele beijo que não me deste na hora da partida...
Mas elas caem como tempestade mórbida no meu jardim...
Admito...
AMOR CULPADO...

Desatinado no instante lacunar da surpresa e da mágoa...
A viagem trouxe-me uma angústia acompanhada pela
Resignada esperança de o ponto ser de segmento, ainda seguida pela
Silenciosa tristeza das brechas abertas na parede da alma...
Exclamo...
SENTIMENTO HUMILHADO...

Esse ausente me dói só pela consciência da falta, dalacuna, de tudo que poderia ter sido e não foi....
aah sim.. Angústia pálida... Indizível... coagulada no cárdio...

Esse ausente me é presente nos devaneios da lembrança...
Declaro...
PIEGUICE RETRÓGRADA – Cheiro de coisa morta... basta... Renasci!

Transpirado por Adriano Marques

quarta-feira, 17 de março de 2010

Você ouve RUÍDOS?

Esperem... Companheiros? Pensei ter percebido alguma coisa no ar. Está muito escuro aqui. Hum... E esse odor ocre? Parece-me algo com cheiro de enxofre. Será que chegou a minha hora? Acalmem-se amigos, eu não vendi minha alma ao Demônio, então ele não está vindo me buscar. Pelo menos ainda não estou desesperado a tal ponto. Se bem que às vezes a gente se assemelha ao Senhor das Trevas de maneiras inconjecturáveis aos olhares da nossa vã filosófica maniqueísta - Ambição, extorsão, exploração, crimes hediondos, padres pedófilos, pastores ladrões, homicídios e fratricídios de toda ordem, corrupção, desvios de verbas públicas, mensalões e incontáveis mecanismos de subjugação do diferente e desmantelamento do mundo. Cuida-te, Satanás! Nossa CRÍVEL capacidade de fazer o mal deve deixá-lo com inveja. Medo até de perder o posto de Senhor das Crueldades. Daqui a pouco o Lúcifer acabará na fila do SIMM (Sistema de intermediação de mão de obra). Talvez arranje um trampo num Call Center da vida ou quem sabe um estágio em Brasília. O problema é que lá no DF (Distrito Federal) os comparsas de Roberto Arruda roubam dinheiro do povo e oram a Deus como forma de agradecimento. Vejam se não é o fim do mundo anunciado pelo Raulzito! O Sanguinolento tá ficando sem função. Eu heim!!! Chegamos à verossímil Era da inversão de valores do submundo! É brincadeira?!
Seja como for, nada disso está me ajudando a amenizar o odor que impregna meu quarto, os RUÍDOS ensurdecedores, nem tampouco o medo que ainda sinto de estar sozinho nesses tempos tão estranhos. Tudo isso pode ser apenas divagações capitais ou seriam pecados das capitais federais? Se o pecado for uma construção do discurso, então me prendam, queimem-me na santa fogueira de outrora! SANTA? Deixa pra lá! Essa conversa me dá arrepios. Muita coisa não existe mais nem as cinzas! - Deus, pelo amor do senhor mesmo, tende piedade de nós! Minhas insuportáveis, imprescindíveis, ranzinzas e assexuadas professoras da Universidade adorariam ver-me citar Mikhail Bakhtin e Michel Foucault para fundamentar a teoria da construção das verdades universais pela força simbólica do discurso. Nossa Senhora! Orgasmos múltiplos é besteira perto disso aqui!
O ruído vem do porão? Não sei, mas ele me estremece. Tento manter-me quieto - minha alma se inquieta. Ouço o ranger dos meus dentes. A noite parece pulsar ao ritmo das batidas do meu coração. O medo é absoluto. Até os ratos roem meus calcanhares na surdina. Sei que não chegou a minha hora, até porque o tempo é abstrato e imensurável, caso não fosse, poderíamos deixar um cartãozinho de recomendações de clemência ou um pacote de corruptelas cotidianas para ele pegar leve conosco. Vai-se lá saber! Nada disso eu sei ao certo, mas enquanto isso, escreverei daqui para dar conta de mim e do mundo. Talvez ainda dê tempo de ser salvo. Aliás, essa idéia de salvação é cristã por demais, então vou apenas desejar ser ouvido em algum possível julgamento. Penso não me restar mais tanto tempo. Não sei quando me perdi, mas admito ter ficado velho e chato, igual a todo mundo. A luz da felicidade ficou mais fraca, a esperança em dias melhores míngua a cada novo escândalo de corrupção e os porões da minha casa querem me tragar para sempre. Não esperem mais por mim, companheiros! Um beijo.