terça-feira, 29 de julho de 2014

DIÁRIO DE UM ADOLESCENTE II - DESCULPAS



Não sei escrever, tenho apenas 16 anos, alguns lindos anos como seu amigo-confidente, mas acabei confundindo algumas coisas. Foi mal! Pedir desculpas é difícil, ainda mais quando se trata das variáveis incertas do coração. Bom, difícil mesmo é admitir uma traição. Os casais por aí traem, e maculam um pseudo amor sustentado por convenções sociais. Pow, mas trair amizade já é demais, não está em manual algum, não há lei, a execução é sumária, pelo menos a pena da consciência é sentenciada no tribunal do travesseiro. E ela é implacável. Minha penitência é a culpa. Traí a nossa amizade, tenho medo de não conseguir voltar atrás nessa coisa que vou falar logo mais. Desculpa, não sei escrever direito, não sou bom com as palavras. Eu nem sei se quero que você entenda, por isso permita-me ser ruim com textos. É uma linda conveniência. Talvez sejam declarações tardias, mas quero que sejam apenas desculpas. Já tem três dias que não me alimento direito, porque estava com tudo isso preso, mas vou terminar de escrever aqui no diário da minha irmã. Ótimo lugar para se esconder algum segredo, a maninha é boa em não ler o próprio diário. Só tem porque as amigas que acham brega ser moderninha tem também, por isso usam papel e caneta para falar suas bobagens ao invés de teclados digitais. Ela quer se sentir parte de alguma coisa, ser aceita, veja só! Um dia quem sabe eu te mostre o que vem por agora. 
Fome da peste que estou aqui!

Digo então  o meu pecado. Passei três dias afim de você, minha amiga. Pxii... foda né?! Apaixonadaaaaaçoo! Putz.. minha grande amiga! Eu sei, eu sei, não precisa dizer, não diga nada. Durante essa eternidade de 72 horas me vi aflito por não conseguir ser seu amigo, e apenas seu amigo. Veja só que bagunça, meu olhos me traíam porque olhava para os seus desejando-os debruçados aos meus. Não olhava de frente, é claro. Não conseguia. Fiquei puto por não conseguir, depois fiquei feliz de não ter conseguido! Minha estúpida timidez, minha santa contradição! Veja só, minha amiga, durante três dias, as pintinhas da sua face se transformaram numa parada de charme quase irresistível para mim. Como alguém poderia ousar chamar de forma depreciativa de "pintinhas ou manchinhas escurecidas". Nem se encaixa, pois o que eu via eram a cútis de uma modelo internacional, a menina mais linda do mundo, marcas da perfeição, a tentativa inútil da natureza por alguma coisa ali fora de ordem. Uma gata!! O nariz, digamos, perfeito.  A boca, aaaah, a boca... um oásis intocável e impossível pra um guri como eu, aprendiz de vagabundo, um oásis onde eu delirei matar minha sede. Foram três dias com uma sede que você não pode imaginar, que não cabia no Oceano Atlântico. Você foi proteção de tela do meu Ipod, Iped, tablet, Note e as porra. Que viagem! Isso é viadagem! Na escola eu não me concentrei em nada além da minha própria imaginação. No baba, fui o pior, só bola fora, fui para o chuveiro mais cedo. Em casa, teve "sound" repetido à exaustão do Jorge e Matheus. Você acredita?? Do Jorge e Matheus?? Caraaaaaca, muleke! Eu sou barril, véi! Pow, moro no Cabula, isso pega mal, tenho uma reputação de miserê a zelar. Que nada!! Mais um babaca apaixonado, isso sim!! Nem estou me reconhecendo, não me reconheci nesses três dias, mas sonhei em me encontrar e me perder em você, no seu corpo, por horas, por dias, a vida toda... vixe... o corpo... marcar minhas digitais em sua cintura, num movimento PAM, seria como aquela jogada aos 45 do segundo tempo, onde você decide a partida e seu time é campeão do Brasileirão, mas dizer o quanto eu te queria e ver seus braços encontrando os meus, suas mãos trepadas nas minhas costas, em pressão, no sentido oposto, atrativo ao seu, antes daquele beijo desejado, aí, minha amiga, é GOL, É GOL, É GOL de final de Copa do Mundo em casa. Enfim... rs.. enfim... não foi assim. Os Campeões são sempre outros, tem outros sotaques, gírias, dribles que desconsertam suas defesas. São outros que correm para o abraço.E eu... jogo no banco.

Lembra... não viu nada de errado? Eu sumi, não foi!? Aquela aula de sociologia que não apareci; aquele trabalho em dupla que faria em sua casa, e eu inventei uma dor de dente; não cheguei nem no último horário do metrô para retornamos pra casa, depois do treino; silenciei zap zap, não curtir fotos do Insta... Lembra??  Não percebeu aquela minha impaciência anormal com o seu choro, suas lágrimas geradas pelas dores produzidas por outros "alguém"?? E são tantos, menina, você me conta sobre tantos, são infinitos, brotam de qualquer lugar ao qual não pertenço, não nasci, não estou talhado para estar e etc, e etc.

Desculpe por não poder ter sido nada durante 3 dias. Não fui nem a realidade, nem a quimera. Desculpe se, por três dias, quando você sorria, o mundo inteiro se abria. Desculpe se aquele abraço fraternal no meio daquele bairro famoso me causou palpitações descompassadas. Desculpe pelo tesão que sentia a todo momento naquele encontro de sempre, no café com torradas no primeiro piso do shopping. Pois é, amiga, senti muito mais do que posso escrever aqui, e graças aos arcanjos do bom senso que não sei escrever. As outras coisas, eu não sei dizer! Apenas me desculpe! A boa notícia é que acho que já estou quase apto a voltar a te ver. Apareça pra um bate-papo mês que vem. Você sabe... Dinheiro muito eu não tenho, mas as piadas estão na ponta da língua. Ah, agora chega disso, você sabe que não sou bom com as palavras. Nossa prof. de redação é gente boa, mas ela é muito gatinha, não dá para aprender redação com uma mulher tão gata!


Aceita um Big Tasty? Estou com fome e o diário da minha irmã já foi!!    

Em paz

Já que a PAZ resolveu enfim aparecer para uma visita, quem sabe ela decida fazer morada em mim. Prometo varrer as partículas de tristeza que jaziam debaixo do tapete, arejar o ambiente com as cores do mais lindo arco-íris que surgiu da mais devastadora tempestade, deixar a luz do sol se debruçar pelos traços frios dos rostos engessados pelas agruras do tempo, respeitar o silêncio da alma em noites estreladas de contemplação, tomar café da manhã com a serenidade e o bom humor nas prosas dominicais, sentir o cheiro que vem dos campos cobertos por jasmins, amar, enfim, a vida. Olha só, Dona Paz, a casa é toda sua!! Graças a Deus!!!

QUE TAL AMAR?

"- Que tal girar? Que tal ser ar?"

Eu respondo:

Que tal meu SIM grandão de coração aberto... pxiii... calma...
 Busca, porém, o silêncio do teu coração, acalma um pouco essa timbalada de dúvidas e incertezas, deixa eu ser o eco do teu mundo.

Vem cá, chega mais perto, vem ouvir o que vem por aí! Encosta aqui, usa meu peito como travesseiro, deita de frente, coloca a cabeça de lado e depois fecha os olhos para sentir, como nunca, o toque da brisa que já vem anunciar - pelo ar que aí se estabeleceu, pela cadência em pausa do nosso respirar, pelos giros e rodopios que a vida dá - o amor entre você e eu.

Que tal girar, que tal SER AR - que assim SERÁ.