sexta-feira, 23 de agosto de 2013

O menino e o seu homem

A dor da ausência,
pesa nos olhos
molha a face
faz escurecer o coração do menino/homem

a dor do homem
não se contém em somente arder
fará o cara minguar sofrendo
na fluidez intempestivas das lembranças
no vazio do amanhã
na ausência de uma beira de cama
na vida que deixou de ser
no beijo que não mais será
nos acalentos silenciosos das miudezas
o verdadeiro purgatório do corpo
dos males do dia.

Sofre o pobre homem
coitado
Porque bem sabe o menino dentro dele
que o homem não mais verá o dia
Amanhecer

O AMANHÃ

… diluídas na fluidez das lágrimas
a dor cairá em gotas no chão de terra
e dele, nascerá algo estranho ao meu coração dolorido...
um broto amarelo
A esperança
O amanhã...
Um girassol.

 

domingo, 11 de agosto de 2013

AO MEU CORÔA GATO, CARINHOSAMENTE

Tive no Iguatemi com meu filhinho para comprar um presente para meu pai. Frustrante! Não consegui. No térreo do Shopping, procurei algo que pudesse retribuir todo o cuidado e dedicação que teve comigo na infância, mas não estavam vendendo. No 2º piso, quis um presente que pudesse demonstrar minha gratidão por toda base educacional e os valores que formaram meu caráter na juventude, nada encontrei. No último pavimento, foi a mesma frustração, nada na Mitchell, Lacoste, Richards, Brooksfield ou Calvin Klein que eu pudesse dar conta de agradecer pelas asas que meu pai generosamente me deu durante essa viagem para eu escolher ir aonde meu coração quisesse me levar, a liberdade de chegar em qualquer lugar de cabeça erguida, sem fazer feio em situação alguma, livre para errar e arriscar acertar, sendo uma pessoa de bem. Andando ainda, reparei que a abóbada do Shopping era feita de um material parecido com acrílico, dando vazão ao céu, então exigi que Deus descesse ali mesmo e trouxesse alguma coisa dos céus, porque na terra, nada posso encontrar à altura do homem que me gerou. Durante meus delírios e divagações, meu filho Matheus me puxou pela barra da calça, franziu a testa e disse meio irritado: - "PAPAAIIIIII, Papaaaai, eu quero ver o Vovô, eu quero ver o Vovô. A gente vai na casa do Vovô, papai?" Pronto, Deus havia respondido. Daí... as coisas fizeram sentindo. O maior presente que podemos dar é ficarmos todos juntos, como uma família. " - Vamos sim, meu filho. Vamos dar um abraço gostoso naquele velho." Meu pai, meu herói.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

A MULHER DO ESCRITÓRIO – Parte I (o poder está na República Tcheca)



A mulher do escritório veste um terninho branco - Estilo calabouço. Bolsa preta e branca – modelo ferradura circense, esquecida de um picadeiro em decadência. Hum, só fachada. A armadura esconde uma alegria que está prestes a se revelar. Vou contar só o pouco que sei, enquanto encontro forças para arrumar a cama, estender a toalha e relatar de lembrança o que aconteceu nesta quinta-feira. Sem histórias, pois elas nos foram vedadas pela própria estrela do texto. Eu prometi silêncio nos detalhes, circunstâncias e nomes, em troca de putaria da melhor qualidade.

De início, uma afirmação e uma ressalva.

A mulher do escritório fode feito uma devassa, embora se esconda na carapaça da polidez europeia, mimos da aristocracia e da cara de militar em dia ruim (risos). Paraê, rapaz, eu disse “fode”? Não são termos adequados à mulher do escritório, embora ela seja apaixonada por rituais Sado e impropérios sussurrados com energia ao pé da orelha, pequenos tapas e puxões que ela os recebe pedindo mais e mais, provocando um desafio pactuado ali, onde o outro perderá de certo – uma doce derrota.
A mulher do escritório vive um amor de correntes dentro de casa, porém, ao cair do último botão do terninho branco, deixando os seios à mostra, a noite fica curta nos braços de um vagabundo pop, eleito ali mesmo no espaço-instante do desejo, suvenir de bolsa Louis Vuitton em rave de patricinha de Beverly Hills. Agora de corpo à mostra, lindas pernas abertas, desejando ser atravessada, apertada, cheirada, chupada, comida como se tivesse nascido para aquele propósito, nem de longe lembra a criatura que exala frigidez na anti-sala de reunião do escritório, escondida em vestes engessadas, repelindo qualquer vestígio de testosterona que lhe possa invadir os poros, subvertendo seu autocontrole, despertando atração. HOJE NÃO. Nesta perspectiva, e em circunstâncias outras que não poderei revelar, ela se entrega loucamente, como nunca, possuída por todos os demônios da sedução e do prazer, quer deixar sua marca em todos os cômodos, mas o show é em cima da King Size.
- “Uh, Fuck it
Don't call me though bitch…”

Não há vulgaridades, nem espaço para se diminuir a dignidade da mulher do escritório, mesmo casada com um merda que não a respeita em todos os sentidos. Ora bolas, mero detalhe!! -  Deixa as convenções sociais para a novela das seis.
Ah, detalhe: o vagabundo sou eu. Eu?? SIM, sim. O quê? Calma, filhote!! – Sou a voz que fala no texto e não o cara que digita. Se toca, velhinho!!
Por isso, posso confessar no silêncio vazio do meu blog que...
Ela geme como se construísse melodias, goza como se fosse a eleita da desvirgindade prometida pelos arcanjos da luxúria, e eu desejando apenas ficar ali, DURO naquele tesão eterno onde ela contrai as entranhas úmidas, crava as unhas no meu peito suado, grita bem alto, lá do diafragma às estrelas, trava as pernas trêmulas e depois............aaaah... relaxa, relaxa e relaxa, respirando ofegante num sorriso escroto. Aff...Armaria mainha. Acaba não, mundão! A essa altura, eu não tenho nada a fazer, apenas acompanho o movimento seguinte... As pálpebras daquele SER se levantam lentamente em contemplação, descortinando olhos lânguidos, destituídos de pudor, externando prazer e a boca em mais alguns sussurros, estes mais longos e inteligíveis; dá a impressão de que sua alma vem voltando de uma doce caçada, uma predadora que acabou de abater a presa, encontrando minha face num deslumbramento falsamente contido, petrificado em êxtase por fazer parte da experiência de uma mulher que se liberta pelo encontro com ela mesma, com instintos à flor da pele, afastando por algumas horas o seu mundo insosso e convenientemente construídos à base de correntes. É lindo!!!! Ou pelo menos Foi.
Talvez ela nunca mais volte a ser a mesma. Não irá mais se submeter a carinhos desprovidos de calor e ternura de um bêbado inseguro que ela insistiu e insiste em chamar de marido, sem se lembrar do que ela mesma provou ser capaz. Ah, hoje ela sabe que o poder... ah.. o poder está na República Tcheca. rs

Ela já saiu faz 40 minutos. Eu já ensaiei dobrar o lençol umas duas vezes. Ela veste terninho branco e salto quinzão cor de cobre, rumo ao trabalho. Eu visto suas digitais e arranhões por todo o corpo, enquanto preparo meu Nescau. Da cozinha vejo melhor os cômodos da casa, vejo o quarto revirado, a toalha rosa em cima da cama e um longo fio de cabelo demarcando território, único resquício de um crime sem testemunhas do qual jamais esquecerei. A mulher do escritório, por uma noite, arriscou cometer o crime de ser feliz, gozando a liberdade de se dar, pois fez o que realmente tinha vontade, desde que abandonou a pacata Vitória. Ela se sentiu mulher, por ela mesma. Eu fui apenas o coadjuvante privilegiado da vez, por isso pouco sei, além do que ela me permitiu saber naquela tarde-noite de quinta-feira.

É, meu amigo, cama desarrumada é história pra mais de metro.