domingo, 30 de junho de 2013

MANGA, COCA-COLA, MADRUGADA E ÁLCOOL


Pisas com a segurança delicada de uma bailarina lunar o terreno acidentado das minhas fantasias. É assim todas as noites. Um vício, uma ideia que estremece as bases das minhas certezas pela manhã. Ora, não há certezas, isso eu sei faz tempo. Lá só há caos, som, fúria e você a ignorar minhas defesas, meus apelos, meus insultos. Um total absurdo. Você sorri da minha cara de dúvida, com a lascívia de Afrodite e a doçura de uma criança. E depois o breu predomina. Como quase tudo que é sonhado, precisa-se de olhos e de uma pitada de razão para conseguir decodificar as mensagens. Quase nunca consigo lograr êxito na empreitada. Mal vejo e, sobretudo, mal entendo. Este último fica mais prejudicado porque também não quero entender.

Não sei bem como continuar...

Talvez eu nem deva saber. Prosseguir é um risco aos meus paradigmas, um risco ao modo como me vejo e como projeto minha imagem na sociedade, pois acordo sempre com desejo de mudança. No meu sonho nada é o que parece ser. Ou seriam fantasias.. Desejos? Bem. Não importa. Com sobrancelhas altas e olhar questionador, a realidade passa a ser contestada em sua rotina insossa, lânguida, parasita, estática, quadrada e mentecapta. De repente, sinto uma brisa gélida vinda do norte, arrepiando tudo, para me lembrar que a vida é o que acontece, é o que se sente, é o que se devolve, é o que dói, é o grita e é o que também arrepia.  Então, está fácil, rapaz. ... por que não estou sorrindo? Vixe.. pergunta difícil. No meu sonho só há sensações, por isso chega de questionamentos.

Só sei que faço um esforço danado para lembrar dos motivos para prosseguir sem mudar a rota, mas sei que o deslocamento por vezes é inevitável. É um germe de alguma coisa que talvez eu nem suporte. Quem há de saber?

O sonho termina sempre igual. Não há cenas conexas. Apenas o frisson de uma fuga, o eco dos meus segredos vindos de todas as partes, seus olhos de HERA a me tragar para o fundo, e depois uma multidão aplaudindo o fim de uma revolução que acabara de chegar ao seu desfecho. No fim dos aplausos, o vazio, a ausência de luzes, um palco desabitado e você a me deixar, mais uma vezes, no vazio, bailando para o além dos sonhos ou das fantasias inverossímeis, das madrugadas, dos seus olhos cor de mistério, dos meus medos indissolúveis, das suas não-entregas terrenas, das minhas expectativas endeusadas, e, principalmente, como acontece todas as noites, e como não poderia deixar de ser -  sem se despedir de mim.

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