terça-feira, 12 de novembro de 2013

A TRANQUILIDADE POR PEDAÇOS DE LUA

Permitam-me rascunhar.

Conheci uma moça. Ela se disse vendedora. A mercadoria é caríssima, imaginei! Ela vendeu pedaços de lua que cultivo apenas num canto sensível da lembrança. Nesta noite, e que fique claro, apenas nesta noite, paguei o preço da exposição dos meus segredos mais calados e da minha fragilidade em tons de cinza, às vezes em tons avermelhados dos meus tempos de menino, quando o sonho ainda vivia e a fragilidade era aceitável... Entreguei-me, perdi a bússola, não quis mais achar o caminho do bom senso, e comprei tudo que podia daquela moça. (É só rascunho, depois desenvolvo os detalhes e organizo as ideias). A noite morreu e com ela os pedaços de lua, singela quimera, tão necessária à nossa sanidade. A moça não estava mais lá. A noite não durou. Pelas mãos levou-me aos labirintos do encanto efêmero de ontem, em sendo de certo o meu suplício de amanhã.

A noite parecia tão infinita...

Ao longe vejo uma menina levando seus produtos a outras paragens, o ar gelado em meio às neblinas das serras do extremo sul da Bahia.

E lá vai ela...

Lá vai a vendedora, fazer o SONHO de outros meninos. Lá vai a lua que nesse dia resolveu não se anunciar.

2 comentários: