A boa leitura é como
um abraço de alma, de dedinhos esticados, tatuando a pele com as
digitais da fantasia e da eternidade. Eu aprendi a olhar as pessoas como
obras literárias, e, por isso, costumo abraça-las de alma nua, somente
para ver a palavra que fica. De tanto contempla-las ao avesso da lógica,
por entre lentes deformadoras e "olhar borboleta", a vida passa a
reverenciar a metáfora, o cotidiano, o minúsculo, o menor, o invisível, o
polegar, a lagarta de fogo, a formiga, a flor carcomida, o deserto, o
inferno, dos Quintos e de Quinca, das miopias e das formas rudes que se
metamorfoseiam em história e poesia. De uma leitura a outra, quando
encontro gente com "jeito de livro", e sou definitivamente encantado por
pessoas assim, não penso em outro movimento a não ser morar por entre
aquelas páginas, como expectador privilegiado do delírio fascinantes dos
personagens sensíveis e Quixotescos, dos segredos indizíveis de
travesseiros, dos absurdos convenientes, dos orgasmos gritados, das
lágrimas que molham o lençol do esquecimento, do medo do amanhã, o
desespero do próximo ato, cujos dedos úmidos do tempo de agora, e da
literatura de sempre, vão descortinando. Só existo ali, decidi me fazer
também personagem da sua criação, e deixar para os pragmáticos da vida
real as folhas do meu próprio livro de regras, que voam secas,
desprendidas da raiz e da loucura, trovando versos que choram saudades
de um amor que não passou do prólogo, e de uma existência tão quadrada
quanto perdida. Decidi, portanto, habitar na sua imaginação, deixando
fruir o enredo do porvir em doces e escrotas divagações. Eu só serei
poesia, se tu fores... flores... for.
O Lar é onde mora o coração...
ResponderExcluirPrecisando ler mais flores assim... Escreve, escreve, escreve...
Sempre!
Sempre...
ExcluirÉ você, Fê?!
Excluir" O Lar..." Eu demorei tanto a entender.
ExcluirConectado e com sintomas genuínos de saudades.
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