As expressões
destoam da linguagem. Pupilas perdidas retalham o sonho de outrora. E as
palavras nada podem perante a onipresença da frieza. A perspectiva desenha sua
imagem engessada. O músculo engessado. Talvez a ausência do músculo supremo. Tu
me mostraste as mesmas imagens de fotos de um tempo onde éramos desconhecidos. A
carne sangra as minhas súplicas e você chora o seu desdém. Nada como o desdém diante
de súplicas, quando o objetivo é tão somente me manter ali, inerte na minha
perplexidade covarde. Eu... que sou a razão do seu desequilíbrio ou nem isso.
Do alto de um prédio de 13 andares me grito em frases desarranjadas,
tão confusas quanto meu desatino:
“Meu olhar flagrante te arrebata no
instante do golpe de misericórdia.
O soco projetado no estômago das
desilusões. Os olhos fechados. Ninguém pra ver.
A perda dos miúdos e das miudezas
que eram a argamassa do meu castelo.
Agora me encolho fustigado no porão
do adeus.
No vácuo escuro do esquecimento.
Não existe sua voz, nem a lascívia
que me enobrecia.
Tentando te encontrar, me perdi.
Não há um só vestígio daquele
cântico em versos nas escrituras proibidas.
Nem o bailar do seu vestido rupestre
nas tardes da Fazenda do Equilibro.
A vida me parece tão exata agora. Que
pena...”
Na horta do prédio, parte dos fundos, debaixo de uma palha de bananeira, deparo-me
com versos redondos. E eles diziam:
Teu
olhar flagrante espreita o engano
Os
pés descalços, os lados parados, os equívocos escancarados.
...
Pxii,
Escuta...
Cala-te,
menino, para que possas ouvir...
...
As
retinas sem peso
Revelam
o golpe que não é golpe
São
apenas seus destemperos e minhas agonias ininteligíveis
Hoje
uma vida; a dose certa do equívoco
Mas,
por certo, O dragão hei de aniquilar
Amanhã,
ainda recolhendo os cacos
Varrerei
o chão da fortaleza em mim
Renascerei
de pé para dormir sem sentir
E
calar para no fim, oh alma inquieta...
Poder
ouvir os passarinhos.
Não há santidade sem peregrinação.
Ass. A.M.
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