sexta-feira, 2 de agosto de 2013

A MULHER DO ESCRITÓRIO – Parte I (o poder está na República Tcheca)



A mulher do escritório veste um terninho branco - Estilo calabouço. Bolsa preta e branca – modelo ferradura circense, esquecida de um picadeiro em decadência. Hum, só fachada. A armadura esconde uma alegria que está prestes a se revelar. Vou contar só o pouco que sei, enquanto encontro forças para arrumar a cama, estender a toalha e relatar de lembrança o que aconteceu nesta quinta-feira. Sem histórias, pois elas nos foram vedadas pela própria estrela do texto. Eu prometi silêncio nos detalhes, circunstâncias e nomes, em troca de putaria da melhor qualidade.

De início, uma afirmação e uma ressalva.

A mulher do escritório fode feito uma devassa, embora se esconda na carapaça da polidez europeia, mimos da aristocracia e da cara de militar em dia ruim (risos). Paraê, rapaz, eu disse “fode”? Não são termos adequados à mulher do escritório, embora ela seja apaixonada por rituais Sado e impropérios sussurrados com energia ao pé da orelha, pequenos tapas e puxões que ela os recebe pedindo mais e mais, provocando um desafio pactuado ali, onde o outro perderá de certo – uma doce derrota.
A mulher do escritório vive um amor de correntes dentro de casa, porém, ao cair do último botão do terninho branco, deixando os seios à mostra, a noite fica curta nos braços de um vagabundo pop, eleito ali mesmo no espaço-instante do desejo, suvenir de bolsa Louis Vuitton em rave de patricinha de Beverly Hills. Agora de corpo à mostra, lindas pernas abertas, desejando ser atravessada, apertada, cheirada, chupada, comida como se tivesse nascido para aquele propósito, nem de longe lembra a criatura que exala frigidez na anti-sala de reunião do escritório, escondida em vestes engessadas, repelindo qualquer vestígio de testosterona que lhe possa invadir os poros, subvertendo seu autocontrole, despertando atração. HOJE NÃO. Nesta perspectiva, e em circunstâncias outras que não poderei revelar, ela se entrega loucamente, como nunca, possuída por todos os demônios da sedução e do prazer, quer deixar sua marca em todos os cômodos, mas o show é em cima da King Size.
- “Uh, Fuck it
Don't call me though bitch…”

Não há vulgaridades, nem espaço para se diminuir a dignidade da mulher do escritório, mesmo casada com um merda que não a respeita em todos os sentidos. Ora bolas, mero detalhe!! -  Deixa as convenções sociais para a novela das seis.
Ah, detalhe: o vagabundo sou eu. Eu?? SIM, sim. O quê? Calma, filhote!! – Sou a voz que fala no texto e não o cara que digita. Se toca, velhinho!!
Por isso, posso confessar no silêncio vazio do meu blog que...
Ela geme como se construísse melodias, goza como se fosse a eleita da desvirgindade prometida pelos arcanjos da luxúria, e eu desejando apenas ficar ali, DURO naquele tesão eterno onde ela contrai as entranhas úmidas, crava as unhas no meu peito suado, grita bem alto, lá do diafragma às estrelas, trava as pernas trêmulas e depois............aaaah... relaxa, relaxa e relaxa, respirando ofegante num sorriso escroto. Aff...Armaria mainha. Acaba não, mundão! A essa altura, eu não tenho nada a fazer, apenas acompanho o movimento seguinte... As pálpebras daquele SER se levantam lentamente em contemplação, descortinando olhos lânguidos, destituídos de pudor, externando prazer e a boca em mais alguns sussurros, estes mais longos e inteligíveis; dá a impressão de que sua alma vem voltando de uma doce caçada, uma predadora que acabou de abater a presa, encontrando minha face num deslumbramento falsamente contido, petrificado em êxtase por fazer parte da experiência de uma mulher que se liberta pelo encontro com ela mesma, com instintos à flor da pele, afastando por algumas horas o seu mundo insosso e convenientemente construídos à base de correntes. É lindo!!!! Ou pelo menos Foi.
Talvez ela nunca mais volte a ser a mesma. Não irá mais se submeter a carinhos desprovidos de calor e ternura de um bêbado inseguro que ela insistiu e insiste em chamar de marido, sem se lembrar do que ela mesma provou ser capaz. Ah, hoje ela sabe que o poder... ah.. o poder está na República Tcheca. rs

Ela já saiu faz 40 minutos. Eu já ensaiei dobrar o lençol umas duas vezes. Ela veste terninho branco e salto quinzão cor de cobre, rumo ao trabalho. Eu visto suas digitais e arranhões por todo o corpo, enquanto preparo meu Nescau. Da cozinha vejo melhor os cômodos da casa, vejo o quarto revirado, a toalha rosa em cima da cama e um longo fio de cabelo demarcando território, único resquício de um crime sem testemunhas do qual jamais esquecerei. A mulher do escritório, por uma noite, arriscou cometer o crime de ser feliz, gozando a liberdade de se dar, pois fez o que realmente tinha vontade, desde que abandonou a pacata Vitória. Ela se sentiu mulher, por ela mesma. Eu fui apenas o coadjuvante privilegiado da vez, por isso pouco sei, além do que ela me permitiu saber naquela tarde-noite de quinta-feira.

É, meu amigo, cama desarrumada é história pra mais de metro. 

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