A mulher do escritório veste um
terninho branco - Estilo calabouço. Bolsa preta e branca – modelo ferradura
circense, esquecida de um picadeiro em decadência. Hum, só fachada. A armadura
esconde uma alegria que está prestes a se revelar. Vou contar só o pouco que
sei, enquanto encontro forças para arrumar a cama, estender a toalha e relatar de
lembrança o que aconteceu nesta quinta-feira. Sem histórias, pois elas nos
foram vedadas pela própria estrela do texto. Eu prometi silêncio nos detalhes,
circunstâncias e nomes, em troca de putaria da melhor qualidade.
De início, uma afirmação e uma ressalva.
De início, uma afirmação e uma ressalva.
A mulher do escritório fode feito
uma devassa, embora se esconda na carapaça da polidez europeia, mimos da
aristocracia e da cara de militar em dia ruim (risos). Paraê, rapaz, eu disse
“fode”? Não são termos adequados à mulher do escritório, embora ela seja
apaixonada por rituais Sado e impropérios sussurrados com energia ao pé da orelha,
pequenos tapas e puxões que ela os recebe pedindo mais e mais, provocando um
desafio pactuado ali, onde o outro perderá de certo – uma doce derrota.
A mulher do escritório vive um
amor de correntes dentro de casa, porém, ao cair do último botão do terninho
branco, deixando os seios à mostra, a noite fica curta nos braços de um vagabundo
pop, eleito ali mesmo no espaço-instante do desejo, suvenir de bolsa Louis Vuitton
em rave de patricinha de Beverly Hills.
Agora de corpo à mostra, lindas pernas abertas, desejando ser atravessada,
apertada, cheirada, chupada, comida como se tivesse nascido para aquele
propósito, nem de longe lembra a criatura que exala frigidez na anti-sala de
reunião do escritório, escondida em vestes engessadas, repelindo qualquer
vestígio de testosterona que lhe possa invadir os poros, subvertendo seu autocontrole,
despertando atração. HOJE NÃO. Nesta perspectiva, e em circunstâncias outras
que não poderei revelar, ela se entrega loucamente, como nunca, possuída por
todos os demônios da sedução e do prazer, quer deixar sua marca em todos os
cômodos, mas o show é em cima da King Size.
- “Uh,
Fuck it
Don't call me though bitch…”
Não há vulgaridades, nem espaço
para se diminuir a dignidade da mulher do escritório, mesmo casada com um merda
que não a respeita em todos os sentidos. Ora bolas, mero detalhe!! - Deixa as convenções sociais para a novela das
seis.
Ah, detalhe: o vagabundo sou eu. Eu??
SIM, sim. O quê? Calma, filhote!! – Sou a voz que fala no texto e não o cara que
digita. Se toca, velhinho!!
Por isso, posso confessar no
silêncio vazio do meu blog que...
Ela geme como se construísse
melodias, goza como se fosse a eleita da desvirgindade prometida pelos arcanjos
da luxúria, e eu desejando apenas ficar ali, DURO naquele tesão eterno onde ela
contrai as entranhas úmidas, crava as unhas no meu peito suado, grita bem alto,
lá do diafragma às estrelas, trava as pernas trêmulas e depois............aaaah...
relaxa, relaxa e relaxa, respirando ofegante num sorriso escroto. Aff...Armaria
mainha. Acaba não, mundão! A essa altura, eu não tenho nada a fazer, apenas acompanho
o movimento seguinte... As pálpebras daquele SER se levantam lentamente em
contemplação, descortinando olhos lânguidos, destituídos de pudor, externando
prazer e a boca em mais alguns sussurros, estes mais longos e inteligíveis; dá
a impressão de que sua alma vem voltando de uma doce caçada, uma predadora que
acabou de abater a presa, encontrando minha face num deslumbramento falsamente contido,
petrificado em êxtase por fazer parte da experiência de uma mulher que se
liberta pelo encontro com ela mesma, com instintos à flor da pele, afastando
por algumas horas o seu mundo insosso e convenientemente construídos à base de
correntes. É lindo!!!! Ou pelo menos Foi.
Talvez ela nunca mais volte a ser
a mesma. Não irá mais se submeter a carinhos desprovidos de calor e ternura de
um bêbado inseguro que ela insistiu e insiste em chamar de marido, sem se
lembrar do que ela mesma provou ser capaz. Ah, hoje ela sabe que o poder...
ah.. o poder está na República Tcheca. rs
Ela já saiu faz 40 minutos. Eu já ensaiei dobrar o lençol umas duas vezes. Ela veste terninho branco e salto quinzão cor de cobre, rumo ao trabalho. Eu visto suas digitais e arranhões por todo o corpo, enquanto preparo meu Nescau. Da cozinha vejo melhor os cômodos da casa, vejo o quarto revirado, a toalha rosa em cima da cama e um longo fio de cabelo demarcando território, único resquício de um crime sem testemunhas do qual jamais esquecerei. A mulher do escritório, por uma noite, arriscou cometer o crime de ser feliz, gozando a liberdade de se dar, pois fez o que realmente tinha vontade, desde que abandonou a pacata Vitória. Ela se sentiu mulher, por ela mesma. Eu fui apenas o coadjuvante privilegiado da vez, por isso pouco sei, além do que ela me permitiu saber naquela tarde-noite de quinta-feira.
É, meu amigo, cama desarrumada é
história pra mais de metro.
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