Tentando
ser didático: ( parte 1)
- Nos últimos 20 anos, nenhum outro país do
mundo praticou a taxa de juros que praticam aqui no Brasil. As empresas
decidiram comprar títulos da dívida pública, ao invés de investir em produção.
Se não há produção, não há emprego, não há crescimento econômico, não há
riqueza. Pagamos quase 50 % de tudo que arrecadamos aos financiadores da
dívida, os chamados rentistas. A taxa de lucro oferecido pelo Brasil é um oásis
fiscal. São rentistas porque só vivem de renda, não batem um prego na barra de
sabão, e não geram um único emprego. São os representantes da classe dominante.
Como não
é mais possível aumentar impostos para diminuir a asfixia financeira do país, o
governo, os políticos que também são financiados pelo capital dos rentistas, se
esforçam para promover superávit fiscal, ou seja, enxugar os gastos públicos a
tal ponto que gere excedente para enriquecer mais ainda os donos do capital,
mesmo que para isso, eles tenham que cortar da vida (saúde), do futuro
(educação), da dignidade (alimentação), da segurança pública, dos recursos para
a iluminação do seu bairro, da grana para a merenda das crianças, do Bolsa
Família, do programa habitacional, dos direitos do trabalhador, da previdência
e etc.
Impressiona
que ninguém discuta o desmonte de privilégios dos nossos congressistas; a
bancada conservadora não concebe de maneira alguma a hipótese das "igrejas
multimilionários de Cristo" pagarem algum tipo de imposto; ninguém discute
o absurdo que é um pobre trabalhador brasileiro pagar a mesma alíquota de
imposto de um Neymar ou de um Eike Batista; ninguém fala em reduzir os
bilionários incentivos fiscais destinados a grandes multinacionais.
A PEC
241, por exemplo, é um atentado não só a Constituição. É sobretudo um golpe
contra os mais necessitados deste país, porque são aqueles que de fato
sobrevivem da atuação do Estado, que neste momento passa por um processo de
desmonte. Ouço panelas surdas, vejo um povo anestesiado pelo pão e Circo dos
órgãos de imprensa que prestam um serviço inestimável aos donos do capital.
O teto de
gastos não atingiu a imprensa que nos últimos meses fez tantos negócios com o
governo que já estão fora do vermelho; o judiciário, a categoria funcional mais
cara do país, teve aumento substancial e excepcional em momento de crise; os
bancos nunca deixam de bater recorde de lucro ano após ano. A corrupção é uma
doença e mata o futuro! Ou seja, a torneira só fecha para o segmento mais
frágil da sociedade.
Quero
crer que a crise tenha emperrado, somente por hora, a produção da Tramontina.
Ou então, vou lamentar a esquizofrenia em forma de ódio seletivo que tomou
conta do país nos últimos anos, um traço marcante de ignorância útil, digna de
pena.
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