sábado, 9 de agosto de 2014

DIÁRIO DE UM ADOLESCENTE III - ADEUS, PERFEITA



Ontem me despedi dela , em frente aquele condomínio de imigrantes na Boca do Rio, tendo a certeza que foi pela última vez. Por coincidência, foi também a primeira vez que estávamos nos despedindo. Uma pena, porque de tanto rodar por aí, parceiro, te digo, com certeza, ali naquela jovem mora uma futura mulher perfeita. Ela não sabe ainda, naturalmente, mas será intitulada por muitos como "A MULHER". Compreende-se porque os sóis se passaram pouco para ela, não lhe dando as ferramentas da compreensão de que é uma mulher incrível, e tampouco faz ideia do poder que tem. Infelizmente, não poderei acompanhá-la, não me quer, e por vezes já se despedia de mim antes mesmo do primeiro e derradeiro encontro. Não fiz nada demais, só coloquei em prática o teste de sempre. Entreguei-me com a força de uma avalanche, uma carreta sem freios a caminho do precipício só para ver se me salvaria. Faço isso com o único objetivo de ver quem realmente é forte, porque sei que não sou uma pessoa fácil. Despejo intensidade, abaixo todas as minhas defesas, escancaro a alma, e me entrego numa bandeja com flores, plumas, enfeites e presentes, só para ver se a pessoa VEM COMIGO, se leva o pacote inteiro para dentro de casa, se encara ou sai correndo. Ela, a menina perfeita, não correu e nem ficou, apenas preferiu seguir, por isso já nos despedíamos antes mesmo do primeiro encontro. Não foi sinal de fraqueza. Ela só entendeu que não era para ser nós dois. E convenhamos, eu não mereço a menina que se apresenta hoje, e tampouco serei digno da grande mulher que será amanhã. - Ah, e sobre a história de sair correndo, "pera lá, inocente", ela desfila, é TOP, é capa de revista. Vixe... e quando ela desfila, aff... que espetáculo! Nunca vi nada melhor! PERFEITA!!
Vou sentir saudade de um futuro que não virá, de beijos infinitos que não daremos; de passeios intermináveis de mãos dadas nas cidades, ruas, breus, por aí, o que pudesse vir; dos abraços dos dedos que se tocam e se enroscam durante as sessões de cinema, dos olhinhos apertadinhos de sono num olhar face a face, nariz com nariz, a descobrimos juntos os segredos de nós dois, numa tentativa improvável de eternizarmos um momento perfeito, aquilo que poderia se chamar amor amanhã ou depois. Não será, eu sei, eu sei. E nada disso passou pela cabeça da menina mais linda do mundo. Tudo nasceu, foi imaginado, sonhado, construído e morrerá comigo, após findada mais uma página do meu eterno diário. Para ser franco, e para que funcionasse diferente, os dois teriam que adequar parte do mundo de ambos que é tão diverso, por vezes antagônico, para juntos construirem um cantinho compartilhado pelos dois, uma atmosfera que iria requerer um desejar muito profundo, uma maturidade experimentada, um cuidado enorme, uma união inquebrantável e um amor sublime. O meu canto sonhador perdeu para o racional: Somos impossíveis! Tudo em você me quer distante! Tudo! Eu entendo! Ou se não me quer distante, também não quer por perto como eu gostaria, que na prática é quase a mesma coisa.  contudo, foi uma honra ter podido senti-la tão pertinho. Honra de tantos outros sortudos que virão. Eu dei muito valor à minha vez, ao meu momento, sabendo que ela é uma joia que está por aí na vitrine. Só lamentei a minha estranha timidez dos tempos de guri, a minha falta de jeito incomum, embaraçado, sem saber onde tocar, o que fazer. Não é normal, nem combina com minha fama de mal. Talvez no 17º encontro eu conseguisse ser o dominador que já se acostumaram a ver por aí. Ontem foi o primeiro contato e, como poucas, ela viu o menino mais frágil que se pode apresentar. Rs.
Gente, não estou sendo claro com vocês, estou falando de alguém que tem o poder de parar uma guerra. Pronto! Tá aí, uma boa frase. Essa menina/mulher é capaz de parar uma guerra. Palestinos e israelenses, norte-americanos e iraquianos não pensaria em sangue, se tivessem uma mulher dessa qualidade para se encostarem nas noite frias de inverno. Ela calou o barulho do mundo em mim por algumas poucas horas, e eu me vi em paz. Agora entenderam, ou preciso desenhar? Querem uma foto? Puxa vida, foi tão rápido nosso encontro, tão estranhamente confuso que não deu tempo tirar uma foto, já é passado, sem ter virado história. Esteja lá onde estiver, adeus, minha linda, minha louca e desequilibrada, como gostava de te chamar, nossas páginas juntos não serão escritas, como minha teimosia queria, mas como sempre soubemos, porque não aprendi a lidar com um material tão nobre, com uma alminha tão linda, com diamantes tão raros. Você é única! Fique em paz, e siga encantando o mundo, porque no meu Universo interior, sempre inóspito, caótico, guerreiro e hostil, você já é majestade! O sonho está por aí... a minha guerra também!!

Um beijo!

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