segunda-feira, 6 de outubro de 2014

A PEGADINHA ELEITORAL BRASILEIRA



Nosso desejo de mudança manifestado nas passeatas de junho de 2013 não produziu nenhum resultado objetivo na "hora do vamu ver". Do Oiapoque ao Chuí fomos absolutamente conservadores, elegendo os mesmos grupos políticos que aí estão. Tivemos na prática a eleição do até então desconhecido, pedante e desagradável Ruy Costa em primeiro turno (acho que vou sentir saudade do Wagner em um mês de governo desse Ruy), a consagradora votação do histórico Fernando Collor de Melo pra cima da minha querida Heloísa Helena (essa doeu mais do que tudo), a eleição do filho do bandido Renan Calheiros, e tudo acabou novamente no mais do mesmo, evidenciado na insistente "bipolaridade" do jogo do PT versus PSDB que governa esse país desde os fins da ditadura militar, ou seja, deu no mesmo. O tempo de propaganda, as bolsas de toda ordem, a articulação política dessas duas grandes legendas, e em especial o empenho do maior articulador político da história desse país, Luis Inácio Lula da Silva, e outros mil fatores que a bateria do meu celular não vai me permitir digitar, faz com que a gente não imagine que exista vida política longe do PT, que na minha parca opinião, é irmão siamês do seu adversário, no que tange à visão estratégica de país e o desejo de se perpetuar no poder, até que me provem o contrário na prática.
Quanto ao segundo turno, não sou um dos que pensam que os votos de Marina irão migrar automaticamente para Aécio Neves, simplesmente porque tem muito ex-PT que votou na única alternativa possível. Ou seja, grosso modo, não é porque um torcedor do Bahia se decepciona com seu time, que ele agora vai torcer pelo Vitória. Conversei com muita gente que na hora H, vai se manter, muito a contragosto, na ala política a que foi formada. Por essas e por outras, Aécio tem um grande desafio pela frente, porque o confronto de resultados dos dois governos que o PT irá propor é infinitamente desfavorável, já vimos esse filme antes. Reza a história que a alternância de poder é salutar, no entanto, livro de história não mata a fome, a bolsa família sim.
Uma parte do eleitorado brasileiro vota com o estômago, a outra vota com o próprio umbigo. E imaginar que a gente pensou que as bombas de junho de 2013 tinham ardido nos olhos, que para a bolinha rolar bonito, estádios estavam sendo construídos para alemão ver, enquanto faltavam leitos em hospitais para salvar vida de pobre, e no fim a gente fica com a sensação de que éramos os palhaços de sempre, desse grande e maravilhoso circo chamado Brasil. E assim a gente toca o barco. #MaisdoMesmo.

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