terça-feira, 21 de outubro de 2014

ANA

Lá vai a Ana, indo embora, cruzando a linha do horizonte de nós dois, para além de onde meus olhos espremidos tentam em vão capturar, como um grito de socorro "FICA" dentro de um quarto escuro e frio, onde não há ninguém que escute e acalente, não há o mistério do orvalho que se exibe para seduzir a relva, não há o lago que vive a cortejar o Cisne.

Lá vai a Ana, indo embora, assim como chegou, silenciosa, linda e inesperadamente, para a festa e a ressaca de quem realizou a experiência de senti-la de perto em cada palavra, em cada verso, em cada troca, na sua intensidade delicada e explosiva: "EU SOU ANA LETÍCIA, MUITO PRAZER". E não haveria de ser diferente, porque desde os tempos mais remotos da existência humana e suas contradições, os arcanjos da alegria são os mesmos da tristeza, e não me restou mais do que aproveitar e sugar cada gota de ti, daquilo que me foi possível alcançar, como lágrima que salta aos olhos, do seu para o meu, do meu para o baú do coração e da lembrança.

Lá vai a Ana, indo embora, deixando no ar a densidade da ausência, a certeza da saudade, o fim da utopia, e a nossa absolvição.


Vai com Deus, Ninha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário