Lá vai a Ana,
indo embora, cruzando a linha do horizonte de nós dois, para além de onde meus
olhos espremidos tentam em vão capturar, como um grito de socorro
"FICA" dentro de um quarto escuro e frio, onde não há ninguém que
escute e acalente, não há o mistério do orvalho que se exibe para seduzir a relva, não há o lago que vive a cortejar o Cisne.
Lá vai a Ana,
indo embora, assim como chegou, silenciosa, linda e inesperadamente, para a
festa e a ressaca de quem realizou a experiência de senti-la de perto em cada
palavra, em cada verso, em cada troca, na sua intensidade delicada e explosiva:
"EU SOU ANA LETÍCIA, MUITO PRAZER". E não haveria de ser diferente,
porque desde os tempos mais remotos da existência humana e suas contradições,
os arcanjos da alegria são os mesmos da tristeza, e não me restou mais do que
aproveitar e sugar cada gota de ti, daquilo que me foi possível alcançar, como lágrima que salta aos
olhos, do seu para o meu, do meu para o baú do coração e da lembrança.
Lá vai a Ana,
indo embora, deixando no ar a densidade da ausência, a certeza da saudade, o
fim da utopia, e a nossa absolvição.
Vai com Deus,
Ninha.
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